quinta-feira, 13 de setembro de 2012

4ª publicação de "Os Loucos"


   Também eu ,por instantes, parecia meio adormecido mas rapidamente ganhei consciência do sucedido. Levantei-me e peguei na bengala. Atravessei, num andar meio trôpego, o salão em sete passos. Agarrei-me ao corrimão e desci as escadas. Pus um pé no ar e senti-me a mergulhar num abismo . O pé falhou-me, eram catorze degraus até à entrada. Catorze? Não eram treze? Procurava ,tateando, o telefone sobre a mesa da entrada. Este parecia não estar no mesmo sitio. Como podia não estar? Pois bem, saiamos para pedir ajuda concluí. Arrastei-me pelo corredor na direção da porta e embati com violência numa parede. De nada me serviu a bengala, nem a tinha à frente dos pés. De onde surgiu aquela parede? Estou confuso, voltemos atrás. Nova parede. Desta vez a bengala preveniu-me! Ergui as mãos para o lado de ambas as paredes e segui ,cauteloso, por um corredor que desconhecia. Contei cada passo. Vinte e sete até nova parede. Não podia estar em casa mas onde estaria então? Entrei em pânico mas não podia correr. Gritei. Gritei tão alto quanto pude.

  - Alguém que me ajude!

 Ouvi um som distante de multidão. Virei à esquerda e segui em frente. Senti um cheiro a torradas. Sim. Eram torradas com manteiga. Procurei o som e senti-me a entrar numa divisão mais ampla. Gritei-lhes para que me ajudassem a sair. Avancei cerca de um metro e o barulho era quase ensurdecedor. Ouvia risos, muitos risos. Eram certamente motivados pela minha recém presença naquele espaço. Ecoavam passos de corrida pelo corredor atrás de mim. Virei-me e senti uma pancada forte nos ombros. Fui ao chão.

  - Já o tenho seguro! Este louco já não foge outra vez! – gritou uma voz de homem enquanto me atavam um pulso ao outro.

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