Também eu ,por instantes, parecia meio adormecido mas
rapidamente ganhei consciência do sucedido. Levantei-me e
peguei na bengala. Atravessei, num andar meio trôpego, o salão
em sete passos. Agarrei-me ao corrimão e desci as escadas. Pus um pé no ar e
senti-me a mergulhar num abismo . O pé falhou-me, eram catorze degraus até à
entrada. Catorze? Não eram treze? Procurava ,tateando, o telefone sobre a mesa
da entrada. Este parecia não estar no mesmo sitio. Como podia não estar? Pois
bem, saiamos para pedir ajuda concluí. Arrastei-me pelo corredor na direção da
porta e embati com violência numa parede. De nada me serviu a bengala, nem a
tinha à frente dos pés. De onde surgiu aquela parede? Estou confuso, voltemos
atrás. Nova parede. Desta vez a bengala preveniu-me! Ergui as mãos para o lado
de ambas as paredes e segui ,cauteloso, por um corredor que desconhecia. Contei
cada passo. Vinte e sete até nova parede. Não podia estar em casa mas onde
estaria então? Entrei em pânico mas não podia correr. Gritei. Gritei tão alto
quanto pude.
- Alguém que me
ajude!
Ouvi um som distante de
multidão. Virei à esquerda e segui em frente. Senti um cheiro a torradas. Sim.
Eram torradas com manteiga. Procurei o som e senti-me a entrar numa divisão
mais ampla. Gritei-lhes para que me ajudassem a sair. Avancei cerca de um metro
e o barulho era quase ensurdecedor. Ouvia risos, muitos risos. Eram certamente
motivados pela minha recém presença naquele espaço. Ecoavam passos de corrida
pelo corredor atrás de mim. Virei-me e senti uma pancada forte nos ombros. Fui
ao chão.
- Já o tenho seguro!
Este louco já não foge outra vez! – gritou uma voz de homem enquanto me atavam
um pulso ao outro.
Bom dia João Rio
ResponderEliminarVou ler com atenção e depois comentarei.
Um abraço