sábado, 7 de julho de 2018

16/03/2018

Às vezes não sei de que é me quero sentir estrangeiro,
Nem tão pouco onde ir.
Não sei se sou aventureiro,
Ou se não sei o que querer sentir.

Que quero eu sentir, afinal?
Que busca se me estranha?
Penso-me em Portugal
E não lhe adivinho uma façanha.

Ao princípio era uma moinha
Que um bom sono curava
E, ao despertar, a mesma rezinha
De quem o Fado cantava.

Talvez não queira, realmente, a novidade.
Estrangeiro serei menos só, ao estar a sós.
Sou de um estar que não pertence aos tons da cidade,
Ao tempo, ou à voz.

Essa que se me estranha também,
Numa língua que não a minha,
E a consciência que se tem
De que ninguém a adivinha.

Quizás queira essa estranheza,
Não tão estranha, de estar a sós,
Em que o meu redor é a beleza
De vadiar pensando em nós.

Sinto a minha portugalidade numa caravela.
A tua deriva como a minha?
Sem veres o Tejo, desde a janela,
E sentires medo de “ser” sozinha?

Apequenemos esse medo
Sobre isto de estrangeirar,
E guarda comigo, na língua, o segredo
Em português, de estar a amar.

J.R.

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