sábado, 7 de julho de 2018

07/01/18

Fosse eu a criança que nascemos para ser
E me olhasse em cada coisa olhada
Como quem é o poema que ler
Sendo-se poema e mais nada.
Fosse eu o andar por aí
Sem ser de onde estou.
Somente estar aqui
E logo ali, de onde não sou.
Fosse eu tão livre das minhas vontades,
Quanto as vontades de mim
Para não obedecer às idades
De não ter idade para ser assim.
Fosse eu o profeta
Que não adivinha coisa alguma,
Mas que nasce poeta
E vê na eternidade, uma,
O circulo das coisas vãs:
Todos os dias, novas manhãs.
Aqui e ali, primaveras.
Noites. Quimeras.
Fosse tudo isto caminho,
Como que para não amar,
E eu estaria sozinho,
Preferindo não estar.
Fosse eu o que se nasce para ser, inventor,
E diria que tudo isto havia inventado,
Cumprindo-me com o Amor
De só querer ser, por ti, amado.

J.R,

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