Morcegos da caverna
Sugaram-me, sem ver,
Amor, a dor que hiberna;
Ante luz do meu viver.
E quieto, no sossego,
Vesti-me de morcego
E ri. Ri d'eco que murmuro
No silêncio, riso escuro
Que se ouviu nesta caverna.
Oh! Eco d' outra vida,
Cega-me, de eterna,
Minh'alma, luz perdida,
E deixa-me nascer!
Morcegos que se esmaguem
E do sangue, sem o ver,
Criança, na passagem,
De viagem vou beber;
Beber o ser que era,
Que me esqueço e que me espera
Na caverna, o seu fundo,
Em que sonho e vejo o mundo.
João Rio

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