quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma pena dúctil
Se comprime, só comigo,
Quando inútil
Me sei perigo.

Livro-me da apatia.
Tento rejeitar o ser ocioso.
Em tédio que se ria...
Afastado e não perigoso

Porque preso, aborrecido,
Temo o perigo da criação.
Não me acho perdido,
Mas vencido em negação.

E, então, vou criando versos,
Sem lhes achar a mesma utilidade.
Contrários a mim, dispersos,
Manifestos de uma vaidade.

Acho-a um pouco de todos nós
Que, entediados,
Nos achamos deuses sós
E queremos filhos mais alados.

João Rio

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